quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Ciclo de Vida Financeira

Não é apenas a nossa idade que nos divide em um ciclo de vida com suas três fases (criança, adulto e idoso). Nas Finanças também há um ciclo de vida que também divide a vida em três etapas, conforme a imagem abaixo. 


A ideia é que as pessoas façam poupanças de parte do que têm de renda para que possam manter ou melhorar suas qualidades de vida no futuro. Este, além de tudo, é cheio de imprevistos, por isso reservas são tão importantes.

O economista italiano Franco Modigliani realizou pesquisas sobre o ciclo de vida, como por exemplo o que está mostrado na imagem abaixo:



Este gráfico mostra que as pessoas têm 40 anos de produtividade em suas vidas, ou seja, é um período de renda constante. O consumo estimado recomendado é de até 80% da renda. Com isso é possível acumular patrimônio para se viver por mais 15 anos depois da aposentadoria.

A primeira parte da curva representa a vida dos 0 aos 20 anos. É a idade onde ainda não se tem renda, a maioria é sustentada por pais, ainda não trabalham. É na juventude, dos 20 aos 50 anos, onde devem ser definidos os objetivos, poupar disciplinadamente, assumir conscientemente riscos e fazer seguros de de vida e de saúde, ainda mais se já tiver dependentes. 
Na meia-idade, entre 50 e 65 naos, a postura já deve ser mais conservadora, para minimizar os riscos. O principal motivo disso é não haver tanto tempo para recuperação de eventuais perdas.
Por fim, na aposentadoria, a partir de 65 anos, pode-se finalmente, aproveitar a vida.
Porém, o brasileiro, em geral, ganha muito pouco. De acordo com o banco mundial, o PIB per capita (medida do Produto Interno Bruto dividia pela quantidade de habitantes de um país) do Brasil em 2015 era de USD 8.538,59, número abaixo do PIB per capita mundial (USD 9.995,55). O ciclo de vida financeiro do brasileiro está representado na imagem abaixo:

Como pode-se observar, até certo ponto da vida, a principal fonte de renda é através do trabalho. Mas com a aposentadoria, esta vai decrescendo até tornar-se quase nula. Por isso, ter outras fontes de receita, como poupança, imóveis, investimentos é fundamental, pois ao contrário do trabalho, esta irá crescer exponencialmente com o tempo, e a partir de certo momento, será a principal fonte de renda. Mas para isso é preciso criar o hábito de poupar e investir!

Mauro Halfeld, em seu livro "Investimentos - Como administrar melhor seu dinheiro", sugere que as pessoas procurem aumentar seus rendimentos por meio de serviços extras, por exemplo. Apesar um esforço desgastante, ele acaba sendo recompensador. Isso tudo porque a fórmula é simples:

Poupança = Receitas - Despesas

Deve-se praticar também o outro lado da moeda. Além de buscar aumentar as receitas, cortar despesas que não são tão necessárias também acabam tendo um peso importante no aumento das poupanças.

Gustavo Cerbasi sugere um plano simples e muito eficiente para garantir o bem estar e renda adequada para toda vida em seu livro "Adeus, Aposentadoria - Como Garantir seu futuro sem depender dos outros". Antes de apresentá-los, alguns pontos importantes: começar o quanto antes (ideal é que o primeiro passo seja dado ao receber o primeiro salário); ter um planejamento para uso do dinheiro, escolhas de carreira, projeto empreendedor, investimentos. A divisão do plano é feito por etapas da vida:

1) Antes dos 20 anos: fase de decisões e incertezas. Os primeiros salários são escassos, por isso o foco deve ser em aumentá-los. As reservas financeiras já podem ser feitas, muitas vezes pensadas para cursos de especialização e fins relacionados ao desenvolvimento profissional. É uma boa hora para aprender sobre investimentos, podendo começar com investimentos mais básicos

2) 20 a 30 anos: é fase de desenvolvimento na carreira e na vida, com muitas mudanças. Por isso, muitas reservas acabam sendo consumidas. Mas em paralelo, o crescimento na carreira traz aumentos na renda. Com o crescimento desta, o esforço em poupar também deve crescer. Sugere-se começar a buscar investimentos mais atrativos.

3) 30 a 40 anos: é uma fase com novas responsabilidades, muitas vezes com a formação de famílias. Por isso, ter um bom controle financeiro é muito importante. Os investimentos devem virar um hábito, com uma parcela fixa das rendas destinada a estes. É uma boa hora para começar um negócio próprio também.

4) 40 a 50 anos: é uma fase de maior acomodação na carreira, com estabilidade e uma configuração familiar. É fundamental que as reservas emergenciais existam. Cada vez mais a carteira de investimentos deve ter menos características de valorização e mais de preservação do patrimônio. Imóveis com potencial de valorização devem ser vendidos ou trocados por imóveis que são alugados ou ações que pagam bons dividendos. Planos de previdência que foram feitos desde cedo já podem começar a ser resgatados.

5) 50 a 60 anos: as orientações são semelhantes à fase anterior, com a diferença que o prazo está acabando, a carreira se saturando, os gastos pessoais aumentando e o senso de urgência aparecendo. É uma boa hora para correr atrás de projetos pessoais e gastar com o que faz bem. Nessa fase nenhum investimento é mais relevante do que o projeto empreendedor. Ser conservador e ficar atendo aos rendimentos dos ativos é importante.

6) 60 a 80 anos: fase da vida que as pessoas começar a se aposentar. Os gastos pessoais aumentam, mas há privilégios como gratuidade do transporte público, meia entrada em cinemas e isenção de imposto de renda vem em contrapartida. Investir nessa fase da vida é acompanhar o desempenho daqueles que prestam o serviço de decidir a aplicação de seus recursos. Estudar sobre o assunto e dividir os investimentos em renda fixa (liquidez para emergências e cuidados com a sucessão patrimonial) e renda variável (atividade empreendedora) são as dicas.

7) A partir dos 80 anos: o objetivo dessa fase é apenas desfrutar a vida. Os gastos não deixarão de crescer, principalmente em relação á saúde, alimentação, segurança. A orientação dos investimentos é  a mesma da fase anterior.

Medidas assim contribuirão para a formação de uma sociedade melhor, mais rica, mais consciente, menos dependente do governo e menos preocupado com o amanhã. Porém, para isso, é necessário agir!


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