A Endeavor e o Sebrae realizaram a quarta edição de uma pesquisa para verificar como anda o empreendedorismo nas universidades brasileiras em 2016. Foram consultados 2230 alunos e 680 professores pertencentes a mais de 70 instituições de ensino superior de todo o país. O objetivo do estudo é direcionar as estratégias das universidades e das lideranças que trabalham com empreendedorismo no Brasil.
A Universidade deve ser um ambiente que potencialize e inspire o empreendedorismo, o sonho grande e a inovação no aluno, para gerar desenvolvimento econômico e social na comunidade. Porém os números ainda não são animadores. Em relação aos professores, 65% estão satisfeitos com as iniciativas de empreendedorismo dentro do ambiente acadêmico, porém, entre os alunos, esse número cai para 36%. A pesquisa mostrou que as faculdades têm disciplinas que motivas os aluno a darem os primeiros passos, porém, pecam no oferecimento de disciplinas que instruem os próximos passos. Falta toda uma estrutura que dê apoio a jornada completa do empreendedor.
Outro ponto a ser trabalhado é a aproximação da universidade com o mercado, fato que não acontece na maioria das universidades.
Hoje, 6% dos universitários brasileiros são empreendedores e 21% pretendem empreender no futuro. Dos que empreendem, a maioria trabalha sozinha (microempreendedores). Ou seja, acaba sendo um baixo impacto na geração de empregos.
Apesar da maioria dos estudantes não desejarem empreender, grande parte deles já teve contato com o empreendedorismo, seja trabalhando em pequenos negócios (60%) ou tendo alguém próximo que já abriu um negócio (50%).
Os que não querem empreender têm como primeira opção a vontade de trabalhar no setor público (43%) ou em uma grande empresa (27%). As principais causas estão relacionadas à renda. Sobre as justificativas para não querer empreender, tem-se:
Além de ambições tímidas e empregabilidade de poucas pessoas, a inovação também não está na cabeça do aluno. Empreendimentos universitários se concentram em setores tradicionais da economia, sendo na maior parte do comércio varejista e prestação de serviços. Cerca de 70% dos produtos ou serviços criados pelos universitários empreendedores já existem no mercado nacional e 17% já existem no mercado regional. Os números não são muito diferentes para quem ainda vai abrir o negócio (63% e 12%).
Além disso, a prioridade do negócio próprio muitas vezes não é exclusiva. Quase metade dos empreendedores entrevistados além de estudar e empreender, ainda trabalha em outro lugar. A universidade também não se mostra o centro para encontrar sócios, já que são pouco os atuais universitários que empreendem em companhia de algum conhecido (6,1%).
A pesquisa fez um levantamento dos principais desafios para os universitários, com 10 categorias diferentes. As categorias que se mostraram maior desafiadoras foram Acesso a crédito e investimentos (22%), Gestão de Pessoas (18%), Gestão Financeira (17%) e Inovação (17%).
O empreendedor universitário reconhece a importância que programas da universidade poderiam ter em seus negócios. 54,3% destes acreditam que programas de serviço e suporte, incubadoras e acesso a investidores sejam essenciais para o preparo. 54,4% das faculdades oferecem o conteúdo de inspiração para empreender. Porém todos os outros temas não chegam a 10% cada.
Em cerca de 50% dos cursos de engenharias e ciências sociais aplicadas há disciplina de empreendedorismo. Porém as outras áreas têm essa oferta em torno de apenas 30% das universidades. É importante que disciplinas deste assunto sejam permitidas e oferecidas para alunos de diferentes cursos, porém isso ocorre em apenas 35,5% das instituições. Empreender é uma prática multidisciplinar, e futuros sócios têm chances de se conhecerem nesse meio.
O oferecimento de iniciativas também precisa melhorar. Foram levantadas 29 possíveis iniciativas, porém, apesar de 30,6% das universidades oferecerem cinco ou mais, em média, 10% das universidades têm apenas uma iniciativa. Entre os professores, 43,7% afirmam que há professores envolvidos em pesquisa de empreendedorismo em sua instituição.
Em relação às vagas de emprego e estágio, as pequenas e médias empresas se destacam, porém startups ainda têm um número baixo:
Em relação aos professores, cerca de 30% se auto avaliaram como lideranças e contribuintes ativos na promoção de empreendedorismo na sua universidade, proporção razoável. Cerca de 70% dos promotores do empreendedorismo não possuem um negócio em funcionamento atualmente. Além disso, os professores com menos tempo de casa estão mais a par do mercado. 40% com menos de 10 anos de experiência têm um negócio em funcionamento, contra 29% dos professores com mais de 10 anos de experiência. Assim como os alunos, a maior parte dos negócios de professores não é inovador (apenas 6,1%). Um terço dos promotores de empreendedorismo na universidade deixaram de empreender ou ainda não empreendem por conta da dedicação exclusiva á universidade.
O universitário empreendedor não costuma conversar com profissionais da universidade. Apenas um terço realiza tal prática. Os agentes de universidade estão em último lugar considerando pontos de apoio da universidade quanto fora dela.
Os fatores que despertaram o interesse empreendedor nos alunos não são tão ligados à universidade. 72% concordam que a maior inspiração veio de família, amigos, internet e livros, contra 57% para as faculdades. Os índices de satisfação entre professores e alunos são bem divergentes:
Ou seja, a partir de todos esses números, percebe-se que as universidades ainda precisam tomar medidas para aproximar-se mais dos alunos, no quesito empreendedorismo. Iniciativas, estudo do que o aluno realmente quer e precisa devem ser adaptados para aumentar o potencial de perfis empreendedores.
A pesquisa completa pode ser vista neste link.
Nenhum comentário:
Postar um comentário