terça-feira, 14 de março de 2017

Ovos de Páscoa e seus altos preços

Desde o final do carnaval já vemos por vários supermercados os tradicionais ovos de Páscoa. São diversos tipos, cores e tamanhos, de várias marcas. Os preços também possuem uma ampla variedade. Ao consultarmos o site das Americanas, temos a seguinte relação de ovos, por preços e marcas:

Os ovos mais baratos costumam ser aqueles mais simples, sem brinquedos ou recheios especiais. Já os mais caros apresentam esses "diferenciais", além de serem maiores.

A partir desses dados, podemos chegar num preço médio para cada 1g de chocolate: R$ 0,25.

Agora comparando com chocolates que são vendidos no ano todo (sem essa exclusividade da sazonalidade dos ovos de Páscoa) como caixas de bombons e barras, temos a seguinte faixa de preços


Neste caso, o preço médio para cada 1g de chocolate foi de R$ 0,08, cerca de 32% menor que um 1g de ovos de Páscoa. Comparando-se, por exemplo, o caso da Ferrero, com pouco mais de R$ 80 pode-se comprar 1 ovos de Páscoa de 360 g, por R$ 20 a mais, comprar um pacote de bombons num total de 1 kg. Para comprar os mesmo 1 kg em ovos de Páscoa, seria necessário desembolsar cerca de R$ 240, mais de duas vezes o valor dos bombons.

Um dos grandes motivos por isso ocorrer está relacionado a um conceito da Economia. Trata-se da elasticidade preço-demanda. Este conceito pode ser entendido como a variação na quantidade demandada de um produto em relação a uma variação percentual no preço. Ou seja, elevando-se o preço, cai o consumo do produto. Assim a relação da queda da demanda pelo aumento do preço resulta no valor da elasticidade. Quando este número é grande, pode-se dizer que a quantidade demandada é muito afetada por variações no preço (consumidores são muito sensíveis a mudança nos preços). Já para números pequenos, ocorre o inverso, ou seja, os consumidores são poucos sensíveis. 

O valor da elasticidade também é importante para o cálculo do preço. Este é função do custo marginal de produção e da elasticidade. 

Especificamente no caso dos ovos, como é valor é alto, pode-se dizer que há insensibilidade das pessoas em relação ao preço. Isso se dá muito em função de fatores socioculturais, mantendo-se uma tradição. Assim tem-se uma alta demanda e pouca elástica. 

Isso fica muito claro quando comparamos com outros países que não tem essa tradição brasileira. Ano passado a Gazeta fez uma reportagem mostrando que em alguns países o mesmo ovo de Páscoa chegava a ser vendido por um preço quatro vezes menor que no Brasil. No caso, um ovo Serenata, de 215 g, da Garoto (ou seja, produzido aqui), foi visto sendo vendido por US$ 1,99 (R$ 8 na época), enquanto no Brasil o Serenata de 220 gramas era vendido por R$ 33,98. Claro que além do fator de elasticidade, ainda temos uma alta carga tributária aqui (imposto em 2016 sobre os ovos era de 38,6%).

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em 2017 os preços dos ovos estão, em média, 3,4% mais caros que 2016. Além disso, 39,4% dos empresários acreditam que os resultados desse ano serão inferiores aos do ano passado. 12,1% acreditam num cenário melhor, e o restante acredita que ficará no mesmo patamar. As encomendas estão mais focadas em caixas de bombons, barras de chocolate e similares, e tiverem diminuição nos ovos em geral, já prevendo um cenário mais pessimista.

Há também uma grande variação dos preços dos ovos nas diferentes lojas. Por isso, é muito importante comparar preços antes de fazer a compra final. Deixar para comprar em cima da hora também pode acarretar em preços mais elevados. Aproveitar ofertas ou deixar até para comprar nas liquidações depois da Páscoa são algumas medidas que podem trazer menores gastos. Evitar o parcelamento do valor dos ovos nos casos em que é cobrado juros também é fundamental.

Num cenário de crise econômica, desempregos, instabilidades e incertezas, abrir mão de ovos de Páscoa a preços mais elevados acaba sendo uma medida necessária. Não deve-se deixar de comemorar a Páscoa, mas procurar outras alternativas, como por exemplo, ovos artesanais, ou até mesmo fazê-los em casa, podem resultar numa boa economia. Em alguns casos, o hábito de começar a fazer em casa pode até virar uma nova fonte de renda (existem até cursos que ensinam a fazer os tradicionais ovos).


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